Incêndio na WM

Fogo assustou quem passou pela Avenida Anhanguera

Pizza Federal

Nova pizzaria em protesto dos policiais federais no aeroporto do Setor Santa Genoveva

O Infinity Tem Fim

Anatel quer nova proposta de lei para operadoras que prometem planos infinitos, enquanto, na verdade, o fim é quando elas bem quiserem.

Boi Cotas

Seria melhor cotas para políticos tenho certeza!!

Modismo é Moda

Enquanto isso nas redes sociais a última moda é copiar, todo mundo quer ser uma xérox desde pequeneninho

sábado, 31 de dezembro de 2011

Devaneios em desejos de natal


E mais um natal se aproxima, sinal que falta apenas uma semana para o fim do ano, e enquanto isso descansa sobre minha mesa um daqueles papeis que retiramos de dentro do biscoito da sorte chinês, apontando seis números, bem, acho que vou jogar na mega sena para ver se dá sorte mesmo, sabe como é, final de ano, sem nada para fazer, e sem dinheiro; como no começo do ano...
É, mais um ano vai se encerrando e agora me vem lembranças, que não posso dizer que são exatamente antigas, não tenho tanta idade para lembranças antigas. Porém me recordo de quando tinha alguns anos a menos, e estava sentado no “balustrado” – como diziam os antigos – da casa de minha avó ouvindo histórias de meu avô, comendo algumas pitangas, e esperando para o rezar da "lapinha", uma tradição da cidade onde nasci, no interior da Bahia.
É... Daqui a pouco é natal, é hora de um velho barbudo entrar pela chaminé e entregar presentes... Mas está aí uma coisa que nunca entendi. 90% das casas brasileiras não têm chaminés, e a estrutura dos telhados brasileiros, são frágeis demais para aguentar o Papai Noel e um trenó com algumas renas, sem contar nos duendes ajudantes; ué! Mas então como ele entra em casa para deixar presentes, se eu durmo do lado da janela desde sempre, e ele nunca me pisou? Será que ele é um dos arrombadores de casas que os policiais prendem tanto? Poxa “tadinho” dele...
Mas apesar de que o Papai Noel para alguns não passam de um velho pedófilo, aprendi que ele é o maior símbolo de pureza existente, afinal é um velhinho que não se incomoda em trabalhar o ano todo apenas para deixar as crianças felizes sem cobrar nada, enquanto a humanidade anda anestesiada, e incapaz de sentir amor simplesmente por sentir, ou ver as belezas que nos cercam gratuitamente todos os dias. Eles apenas olham para a violência e respondem com a mesma intensidade, achando que são heróis por cometer a mesma violência como resposta. O que é até engraçado, porque é como nos olhar no espelho e esperar a resposta mágica do espelho da madrasta da Branca de Neve, falando: “Sim meu amado senhor, vós que matais todos em resposta a violência está praticando um ato de paz”. Impossível isso... Mas enfim quem sou eu pra dizer isso? Só um cara que tomou grandes quantidades de Coca-Cola... E não, não é uma propaganda. Mas se quiser considerar como, o dinheiro é seu.
Bom, oh oh oh é natal!! Saí de casa hoje ontem para me ver como uma pessoa normal que resolve pelo nada, sair fotografando as luzes desta data, e fiquei pensando, por que o espírito natalino só existe no natal? Será que o restante do ano ele tira férias? Isso me faz ver as datas dos anos como políticos, já que todos os dias especiais e seus espíritos só trabalham uma vez por ano, e sempre que nós vemos na televisão, estão sempre esperando um aumento nas compras (ou seja: salários). É engraçado porque se pararmos para analisar, o espírito natalino só impera é claro no dia 25 de Dezembro, e depois isso some como se tivesse tomado “Doril”, o povo não quer ficar de conversa fiada com seu vizinho ou fazer ceia no meio da rua como na propaganda do Carrefour, da mesma forma que no dia das mães onde parece que elas só são especiais nesse dia. E assim sucessivamente com todas as datas, como a semana santa, que é quando a maioria de nós, lembramos que existiu um cara por aí chamado Jesus que morreu por nós, afinal embora o natal seja o nascimento dele, hoje em dia poucos se lembram. Querem mais é comprar, comprar e comprar.
Mas o que é isso? É natal meus amigos! E logo é réveillon dia de cantar: " adeus ano velho... Feliz ano novo, que tudo se realize no ano em que vai nascer..."! Dia de fazermos promessas em cima de promessas, como juros de banco, e nunca cumprir, afinal se cumprirmos o que vamos prometer no ano que vem? Não é? Dia de vestirmos de branco e rezar para não chover e um motorista desgraçado não jogar lama em nós. Dia de poluirmos o mar com um monte de oferendas a Iemanjá feitas de plástico e que ficarão por milhares de anos lá caso a excelentíssima senhora do mar resolva querer a premiada oferenda, não bastariam rosas? Mas é dia de pensarmos na vida e analisar o que se passou no ano anterior e repensarmos, ver o que foi acertado e errado, e tentar consertar caso seja necessário. É o dia de ter novas esperanças, e colocar em prática tudo aquilo que esperamos para nós mesmos, e para os outros. Penas que aparentemente muitos não querem paz e felicidade de verdade, se não, já não teria tantas notícias ruins.
Mas como eu ia dizendo desde o início, é natal e venho apenas desejar a todos que lerem isso um feliz natal, e um próspero ano novo, repleto de tudo aquilo que você mais deseja para si e para o próximo nessa vida, que todos esses desejos possam então se tornar realidade, e você possa sempre estar sobre a proteção do que ou quem acredita como ser superior, e que ele possa sempre iluminar a sua mente, e lhe trazer todo o conforto da verdadeira paz e felicidade.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O preço da Rosa.


Foto via google.
Sabe mãe, estava caminhando na cidade, e acho que de tanto andar, só hoje percebi a esquizofrenia que a humanidade está adquirindo, sim mãe, a esquizofrenia de tudo que é imediato. É uma pressão alucinada e com brilhos dourados de cifrões que piscam ainda mais nos olhos de que tem dinheiro. Uma urgência tão grande que deixa a falsa impressão de que o dia tem menos tempo do que outro. E essa correria, nos faz sentir tão só... Não há tempo para conversas na porta da casa, não há tempo para olharmos para o lado e simplesmente ver que nada disso vale a pena, e a pressa não interessa se no fim não aproveitamos os poucos minutos com quem gostamos, e importa menos ainda quando isso nos leva a loucura mortal de querer chegar antes, apenas para acreditarmos que poderíamos aproveitar mais.

Sabe mãe, estava caminhando numa das avenidas de lojas, e aí percebi que aqui já é natal desde Outubro!... Mãe, pessoas morrem, aqui, a cada segundo de acidente de trânsito, por não querer esperar  um ou dois minutos o sinaleiro abrir, até as escolas prometem lhe ensinar qualquer língua em menos de um ano.  Não vou me surpreender se um dia eles prometerem para uma grávida que ela terá o filho em um mês. Tudo é muito superficial, tudo você recebe agora, a comida já nasce pronta ou se não, em 30 segundos no microondas já poderemos nos deliciar, com a mais pura ilusão da promessa que a comida foi feita com amor.

Na verdade é isso mãe, estava caminhando na cidade, e percebi que a humanidade está tão presa em suas próprias ilusões, que são incapazes de perceber que esse imediatismo, apenas, leva mais apressadamente a nossa própria vida, seja em acidentes urbanos, pois tínhamos pressa de chegar, seja em estresse por que somos incapazes de ser onipresentes. Mas se não posso me meter na vida deles, e se não tenho nada haver com isso, acho que tem razão, mãe, só posso tentar não enlouquecer, e é tão difícil...

Idosos conversando na "boca madita"
Sabe mãe, sinto falta de quando ainda aí no interior, mesmo com poucas condições, como sempre fomos, não nos faltava nada, e podíamos gastar mais do que oito horas apenas para ir na beira do rio, ficar jogando conversa fora, ou ainda mais simples, ir na casa de vovó e tomar um café enquanto ela contava os causos antigos. Sinto falta, mãe, de ver os vizinhos na porta tocando violão, ou da criançada com quem eu brincava na rua, e principalmente de não importar muito com essa urgência de virar um adulto, ou a urgência de me tornar um homem, como dizem alguns que não sabem que ser homem ou mulher é justamente o oposto, é passar tempo com a família, é conversar, e ter o principal: caráter, pois mais tarde nada que conseguimos materialmente nos seguirá.

Sabe mãe, o preço da rosa é sempre mais caro quando não há tempo para olhar outros lugares. É o que aprendi.





Minha Mãe.
Ps.: “Inda bem que me restou o seu sorriso, que me alumia a alma e que me acalma quando é preciso... E como eu preciso” (Zé Geraldo, Galho Seco)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Dia Nacional das Crianças


Nossa Senhora! Dia das crianças, o que será que comemora? A infância ou a tentativa de salva-las da violência infantil?
Será que devo dar de presente? Um carrinho? Uma boneca? Ou um policial? Talvez devesse dar atenção.
Dia das crianças, nossa senhora! É moda agora vermos notícias sobre as compras de última hora para se presentear um filho(a), sobrinho(a), etc... E o que há de errado nisso? Afinal desde o advento da televisão podemos dizer que nossas crianças são criadas pelos "programas infantis", e para disfarçar nossa total desatenção damos um presentinho no aniversário, natal, e no "dia" delas, afinal acho que é isso que a grande maioria entende por pais presentes, ou seja pais que dão presentes e não que efetivamente estejam assistindo as etapas da vida.
Dia das crianças, um dia para fazer um "baixinho" feliz! Mas ainda assim só um dia, o restante do ano apenas fechamos os olhos para não vermos as violências que a sociedade pratica contra esses menores e ainda indefesos, fechamos os olhos para a criação, e achamos que apenas o estado é quem tem a obrigação de criá-los. Fechamos os olhos e desejamos prisão para aqueles que por falta de lar, resolvem sobreviver pelos pequenos delitos, ou ainda por falta de apoio, acham a vida na forma "fácil" de se viver... Nossa Senhora! E que dia das crianças essas têm? Não haverá carrinhos, ou bonecas, mas com certeza atenção das polícias terão, seja para espancar, seja para simplesmente tratá-los como um câncer da sociedade, ou seja para estupra-los, sim eu disse ESTUPRA-LOS. Muitas das crianças de rua, nesse dia tão especial, é da polícia que elas tem filhos, e é de policiais que recebem o afago nojento e viçoso. 
Senhora Nossa! Quando será que vamos comemorar um dia das crianças de fato? Poucos sabem, que esse dia foi criado em 1924 partindo de uma sugestão quatro anos antes do então deputado federal Galdino do Valle Filho. E ainda poucos sabem que o dia da criança universal é no dia 20 de novembro. Entretanto infelizmente mesmo sabendo ainda não se é feito nada, de forma eficaz, para melhorar as condições de nossas crianças.

São dos olhos de uma criança que podemos ver o despertar da esperança. Acorde a criança dentro de ti, e alimente o sonho das outras. 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Politicamente Incorreto

Antes de qualquer coisa, por favor, assistam esse vídeo:



Ok, agora pensem um pouco mais sobre o que ele disse de verdade, qual a intenção?

- Ultimamente somos bombardeados por todos os lados, pelo termo: "politicamente correto", o que realmente isso significa, alguém sabe? E quando surgiu?

Nos Estados Unidos essa questão vem sendo estudada desde o ano de 1970, entretanto só em 1980 é que se passou a ser discutido na Europa. A Wikipédia define o seguinte: "o politicamente correto (ou correção política) é uma política que consiste em tornar a linguagem neutra em termos de discriminação e evitar que possa ser ofensiva para certas pessoas ou grupos sociais, como a linguagem e o imaginário racista ou sexista." Ou seja, para os "defensores" do Politicamente Correto, o objetivo é transformar a linguagem numa menos ofensiva em diversas áreas como por exemplo: a não utilização dos termos masculinos para situações em que são usadas para ambos os sexos.
A filosofia do Politicamente Correto, Segundo a Wikipédia, "é que ao evitar a utilização destes termos discriminatórios estaremos contribuindo para uma sociedade mais inclusiva e igualitária." 

Mas como diria por aí, a teoria é linda... Já a prática, duvidosa.

O fato é que de certa forma nesses últimos anos, isso tem tomado uma proporção que foge completamente da ideia ou da lógica. Veja bem, o vídeo que postei acima, Rodrigo Lombardi, fala sobre o dançarino, ator e cantor Sammy Davis Jr.(1925-1990), que aliás: Como um "afro-decendente", Davis foi vítima de racismo durante toda sua vida, e foi um grande financiador da causa dos direitos civis. Também teve um relacionamento complexo com a comunidade de "afro-americanos, e atraiu críticas após abraçar Richard Nixon em 1970 - diga-se de passagem, mais uma vez, ano a qual os EUA começaram a discutir sobre o Politicamente Correto. Um dia, em um jogo de tênis com Jack Benny, lhe perguntaram sobre seu Handicap no golf. "Handicap?" ele respondeu... "Falar sobre handicap — Eu sou um negro judeu e caolho." Este comentario transformou-se em sua assinatura, recontada em sua biografia e em incontáveis artigos.
Seria então pré-conceito parafrasear o que o próprio artista disse de si mesmo? Esses comentaristas de finais de semana não estariam apenas querendo se mostrar de "Intelectualóides", escrevendo sempre 5kg de palavras e 0g de conteúdo, além de espalhar vídeos com senso falso-moralista sem sequer saber o que realmente foi dito? Não seria isso uma forma de terrorismo mental, onde todos se sentem ofendidos com qualquer coisa?

Há não muito tempo atrás, quando esse termo ainda não era moda, havia no Brasil uma censura, instalada pelos militares em 1964, claro que houve outras como no tempo colonial, monárquico e na república velha, mas vamos nos ater a censura dos militares.
Após a promulgação do Ato Inconstitucional Nº5 ou o AI-5, todos os veículos de comunicação sem exceção, deveriam ter sua pauta previamente aprovada, sujeita a inspeção de agentes autorizados, ou seja, a liberdade de imprensa ou do livre pensamento não mais era aplicado. Fazendo um paralelo dessa época para a nossa atual, não vejo tanta diferença, diz-se que podemos falar, escrever ou pensar livremente, entretanto desde a nova moda de politicamente correto, na verdade o que podemos desenvolver como opinião nada mais é que o medo de que sejamos a qualquer instante ridicularizado, processado, ou julgado por um bando de gente que acha que a luta contra o pré-conceito estão nas palavras que são ditas e escritas, enquanto mal vêem que verdadeiramente a discriminações estão nesses próprios atos de não aceitar, ou se aceitar. Veja bem, tenho um amigo de infância, negro, que durante sua adolescência sofreu todos os tipos de racismo, seja por apelidos, seja atitudes alheias, ou qualquer outro meio, entretanto tenho a total certeza que ele se sentiria muito mais ofendido sendo chamado de "Afro-descendente" do que negro. Pois o termo criado para substituir a raça, nada mais do que uma negação implícita de que os negros não aceitariam a sua cor racial. Afinal qual é o termo equivalente para a raça "branca", ainda não fui chamado de "descendente-Ariano" ou não fui chamado de "filho da branca de neve"... Eu sei que existe no Brasil termos pejorativos para Brancos, como "branquelo Azedo", mas não existe termo para consertar isso. O que mostra que o motivo de ser branco para o "politicamente correto" é melhor que ser negro, pois não se cria termo para suavizar o nome da do a raça. Isso sim é pré-conceito! Pois se acham melhores, escondendo seus desprezos atrás de um discurso bonitinho, certinho.

Não digo que no início era ruim essa política, mas com massificação, e a banalização hoje nada mais é do que uma forma de censura enrustida, de forma a enganar os olhos dos leigos, que pensam estarem pensando por conta própria. E caem no erro de que achar que tudo é ofensivo.

Ps.: Queria mandar um grande abraço para meu amigo Negão, mas estou com medo de quem ler querer me processar por isso.

Ps².: O Rodrigo Lombardi, inocentemente, apenas citou o que o próprio Sammy disse, e agora é ridicularizado por tal ato, sinceramente esse povo já não tem mais nem o que falar.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

7 de Setembro?








"Laços fora soldados! A corte portuguesa quer mesmo é escravizar o Brasil! Cumpre portanto a declarar: INDEPENDÊNCIA OU MORTE!"



- Tá, mas não foi bem assim não...



Desde o Ensino Fundamental aprendemos a velha lição de que no dia de 07 de setembro de 1822, o Príncipe Regente do Brasil, D. Pedro I, montado em seu cavalo desembainha seu sabre e grita às margens do riacho Ypiranga: "Independência ou Morte!" Proclamando assim a "Independência do Brasil". Seguimos com essa concepção até mais ou menos o Ensino Médio - os que não esquecem, pois os que não se importam ou os que detestam História geralmente largam essa concepção bem antes - e depois seguimos nossas vidas com a idéia de que o Brasil se tornou independente de Portugal nas mesmas circunstâncias em que nos passaram os livros. Carregamos essa idéia junto com aquela de que o Brasil foi "descoberto" por um português chamado Pedro Alvares Cabral em 22 de abril de 1500.





O que muitas pessoas ignoram é que essa data foi uma data qualquer no calendário, uma data forjada com o intuito de criar uma identidade para um país que surgia desfragmentado em várias províncias. Tanto que na época da ruptura, que chamamos independência, algumas províncias permaneceram fiéis ao novo governo do Rio de Janeiro e outras a Portugal, como é o caso da província do Grão-Pará. A data 7 de setembro não significou muito para os que viviam na época, pois a adesão foi feita por costuras políticas posteriores à data. Para entender isso basta imaginar que cada província era como um país à parte, todas pertenciam a Portugal, mas eram como vários países com identidades provincianas, ou seja, não havia a menor noção de unidade, não se considerava o Império do Brasil como algo unido e coeso. Logo fica fácil entender que cada "pequeno país" que era a Bahia, as Minas Gerais, etc. optou por aderir ou não ao governo do Rio de Janeiro. Não houve uma luta popular, salvo em momentos isolados, ou um verdadeiro sentimento patriótico de liberdade e nação, pois nação, simplesmente não existia.



As elites portuguesas que se instalaram no "Brasil" com a chegada da Família Real em 1808 mantiveram sua hegemonia graças á abertura dos portos; antes da abertura, que ocorreu com a vinda da Família Real a colônia, só podia comercializar os produtos com portugueses da metrópole, a partir disso então eles puderam comercializar com a Inglaterra também, o que aumentou seu lucro. Essas elites firmaram-se e expandiram-se enquanto os comerciantes da metrópole enfrentaram várias crises que culminaram com a Revolução do Porto. Essa revolução em Portugal visava o rebaixamento do Brasil à condição de colônia e visava entre outras coisas o retorno do monopólio dos produtos. Em resumo, isso significaria grande perda para as elites aqui instaladas, então para garantir a manutenção do status quo essas elites costuram acordos, forjaram ações e finalmente romperam com Portugal. Podemos dizer então que a Independência foi apenas superficial ou figurativa, pois as mesmas elites que estavam no poder antes, continuaram no poder logo depois. Os mesmos portugueses só que agora orbitando em torno de D. Pedro I e não mais de D. João IV. A estrutura em si não mudou com a ruptura.



PATRIOTISMO



Há outro grande equívoco que gostaria de falar bem por alto hoje. Quando você lê ou ouve a palavra "Brasil" que imagem vêm à sua cabeça? O mapa? Sim, o mapa, as fronteiras, as velhas fronteiras que nos separam dos paraguaios, argentinos, colombianos... Mas eu pergunto, como prender uma idéia, uma identidade, uma cultura ou um sentimento num traçado imaginário? A Nação Brasil é aquele mapa? O País Brasil é aquele mapa? Aquelas fronteiras existem? Estavam aqui na época dos índios?



Forjam-se identidades, forjam-se idéias e pátrias num modelo conhecido como Estado-Nação, mas esse modelo simplesmente não pode existir na prática, pois a noção de pertencimento de cultura e identidade é muito mais subjetivo, simplesmente não se pode embarreirá-lo em uma fronteira imaginária. O que nos torna brasileiros? O simples fato de nascermos dentro dessas fronteiras?



O mesmo ocorreu com o7 de setembro, foi forjado. Dentre várias outras datas que poderiam ser utilizadas para caracterizar a independência como a Conjuração Pernambucana ou a Independência da Bahia - luta armada onde um país recém-nascido e praticamente sem exército, contou com a força de caboclos e escravos para expulsar os portugueses do Recôncavo Baiano em 2 de julho de 1823 - escolheu-se o 7 de Setembro e imprimiu-se a figura do herói a D. Pedro I, sim a figura do herói é fundamental nesse momento.



- Mas apesar disso tudo há algo que é mais alarmante.



Essas datas foram criadas para que se lembre de algo, alguma ideia, mas as pessoas só se lembram do feriado. Fala-se muito em melhorar o Brasil, melhorar as condições de vida das pessoas, porém essas melhorias não virão sem o patriotismo, o verdadeiro patriotismo. Traduzo isso como o amor que se sente à pátria ,não ao estado ou ao mapa, e entendo pátria como o conjunto cultural, humano e físico de determinada região na qual o sujeito se identifique. Não se trata de competir, de querer que o Brasil simplesmente se sobreponha às demais nações, se trata de amar aquilo que compartilhamos no nosso dia a dia, com pessoas próximas a nós, amarmos e zelarmos por aquilo e aquele que está conosco todos os dias e aquilo que pertence ao povo, se trata de zelarmos pelos aspectos culturais da qual fazemos parte (e que nem por isso os tornam superiores ou mais importantes que os aspectos dos quais não fazemos parte).



Na verdade a humanidade é em si mesma uma só nação. O amor é algo fluído e universal e uma das maiores ilusões que o homem moderno tem é a ilusão de separação. Sou isso ou aquilo, sou brasileiro mas não gosto do sotaque do sul, torço para tal time e não torço para outro...essas separações são meramente ilusórias, em essência todos somos um, e arriscaria dizer que em essência, somos todos extensão do outro e do próprio Universo. As estrelas são nossas irmãs, o sol e a lua nossos companheiros, logo não há divisões na Natureza, na Realidade, tudo é um em si. Porém não posso aprender a amar quem eu não conheço se não amo quem eu conheço, não posso aprender a amar quem eu não me identifico se não amar primeiro a quem me identifico, não posso amar minha família se não me amo, por isso o patriotismo é um meio termo para o amor verdadeiro, para a verdadeira igualdade, é como uma escada que você utiliza para subir a um outro nível. O Homem é um ser social e sempre haverão gupos, clãs, sociedades que se unirão para viver melhor e essas pessoas devem sempre amar a si mesmas e àqueles que compartilham com ele, amar nas pequenas diferenças dos que fazem parte daquele circulo, para então, amar aqueles que não fazem parte, mas são igualmente importantes. Isso é patriotismo.



- Libertar-se das prisões que você mesmo se impõe, isso é independência.


















segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pimenta Nova no Mercado



Menos ousado que o Stadium Arcadium, mais pretensioso que o By The Way. Assim eu classificaria “I’m With You”, novo álbum do quarteto californiano Red Hot Chili Peppers. Desde seu anúncio para fim de agosto, o disco tem despertado diferentes opiniões, gerado discussões apaixonadas e movimentado de cima abaixo o público que esperou 6 anos por um lançamento.

Se lembrarmos da saída do guitarrista John Frusciante, em 2009, as coisas ficam ainda mais interessantes. Como estaria a sonoridade da banda, sem John? Quem seria capaz de substituí-lo à altura? Que tipo de álbum os Peppers fariam? Josh Klinghoffer há muito foi anunciado como substituto, e agora que o “I’m With You” veio às lojas, é possível afirmar: o Red Hot continua tão rico musicalmente como sempre foi.

Mas, claro, já não é exatamente o mesmo de antes. A banda que conquistou o mundo em definitivo com seu clássico “Californication” está menos audaciosa, menos ousada. E isso quer dizer que o “I’m With You” não traz nenhuma inovação sonora. Não é nada que os Peppers já não tenham demonstrado ser capazes de fazer. O que, porém, não o torna um trabalho inferior aos demais álbuns, ou ruim.

As músicas estão cheias de poesia típica do estilo Pepper, uma pegada funk carregada na medida certa, e um entrosamento eficiente entre os veteranos Anthony, Chad e Flea com o novato Josh. O baixo de Flea, vale dizer, mostra-se com todo seu poder. Seja em “Monarchy of Roses”, música de abertura, “Factory of Faith” ou “The Adventures of Rain Dance Maggie”, ele compõe melodias no estilo que o consagrou como um dos melhores baixistas de sua geração. Chad Smith também dá a batida harmônica na bateria, acompanhando as notas quase onipotentes do baixo. E Anthony continua sendo um vocalista absoluto. Sua voz oscila perfeitamente entre os tons mais agressivos e melódicos, são uma pimenta a mais nas músicas.

Sobre Josh é preciso dizer algumas coisas. A escolha dele como substituto de John Frusciante, embora inusitada, não pode ser classificada como completamente surpreendente.O jovem de talento que acompanhou Frusciante em seu álbum “Shadows Collide With The People” agora parece a opção mais acertada para ocupar o lugar do antigo guitarrista. Muitos falaram em Dave Navarro, mas este já tem seu próprio grupo, o competente Jane’s Addiction. Para quem acompanha e conhece o trabalho tanto do Red Hot quanto de John Frusciante, Klinghoffer era um nome plausível.

O peso de substituir Frusciante, considerado um dos 20 melhores guitarristas de todos os tempos, porém, não é fácil. Além de fazer um som carregado de feeling e experimentalista, Frusiante conquistou em absoluto os fãs da banda que se sentiram órfãos com a morte de Hillel Slovak, em 1988. Com estilo distinto ao de Slovak, Frusciante galgou imenso prestígio através de composições simples, porém carregadas de emoção e sensibilidade.

Assim, quando ouvimos a guitarra de Klinghoffer em “I’m With You”, ela nos parece, no mínimo, tímida. É claro que há acertos evidentes, como em “Annie Wants a Baby”, “Look Around” e “Did I Let You Know”, mas é impossível não pensar: o que John faria se fosse ele a tocar? Talvez ainda saibamos, no futuro. Desejo sinceramente, porém, todo sucesso a Josh no Red Hot. Ele é um rapaz competente, e não foi escolhido por razões infundadas. Com mais tempo e a dose certa de autoconfiança, pode se tornar um guitarrista brilhante. Competente já é.

Aqueles que terão a oportunidade de ir aos shows do Red Hot aqui no Brasil considerem-se, então, privilegiados. Mesmo sem John Frusciante, os Peppers continuam sendo Peppers, grupo que será lembrado como um dos melhores e mais originais na história do rock. “I’m With You”, mesmo que não figure entre os maiores álbuns, ou mais inovadores, tem um lugar reservado no ouvido daqueles que sabem apreciar rock de altíssima qualidade. Não é tão funk quanto o “The Uplift Mofo Party Plan”, tão inovador como o “Blood Sugar Sex Magik”, ou brilhante como o “Californication”, mas é com certeza um álbum belíssimo, tão grande quanto os velhos clássicos no quesito qualidade.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Devaneio


Enquanto isso, na rua alguém é assaltado, ferido ou morto...

Mais um dia, resolvi que iria sair para caminhar, navegar à deriva na internet, conversar com os amigos, enfim, iria fazer algumas coisas que já havia tempo que não fazia. Então logo dei um “tapa” no visual e saí caminhando pelo centro de Goiânia. Meia hora depois, já estava pensando: O QUE SERÁ QUE ACONTECEU COM A HUMANIDADE?

Sabe, na década de 60, talvez por influência dos “anos dourados”, ou seja, década de 50, as pessoas eram mais gentis, e conversavam mais, buscavam mais cultura, até mesmo as praças eram mais freqüentadas pelas famílias, e isso também refletia nas roupas, no modo quase cantado de se falar, e falar um português com orgulho e correto, além de produzir uma enorme quantidade de músicas com poesias de qualidade, que até hoje são lembradas como as melhores já feitas no Brasil. Entretanto traçando um paralelo, com nossa época, o que houve? Como poderíamos classificar essa nossa época?

Veja bem não sou exatamente um saudosista, apenas tento entender certas coisas que nesses tempos andam acontecendo. Por exemplo, por que tanta violência? Parece que o homem resolveu travar uma batalha contra ele mesmo, por um motivo, que no fundo, nem mesmo quem pratica sabe. É como se um belo dia você, leitor, acordasse, depois de anos maravilhosos, virasse para si em frente ao espelho e do nada resolvesse começar a se insultar, espancar, e amputar-se. Tudo bem, segundo Freud, seres humanos possuem como instintos latentes: a violência e o sexo. Entretanto, dentro de cada alguma coisa diz que não precisa ser exatamente assim. Afinal dizem, por aí, que os humanos são racionais.

E enquanto isso a televisão lança um novo bordão: “pronto morri”.

E pensando nisso, lendo na internet descobri um novo método de suicídio. Segundo o G1, uma Norte Americana quer ser a mais gorda do mundo. Pode ser que consiga, se não sofrer um enfarto primeiro. Mas o que me intriga é o fato que ela quer provar que não há nada demais nisso, ou seja, é quase um vontade de se matar e antes disso falar para todo mundo: “EI! VAMOS LÁ! SE MATE TAMBÉM, VAI SER LEGAL, FICAR ENTERRADO PRA SEMPRE!”,  e eu aqui humildemente, do lado de cá, me questiono, onde foi parar o amor próprio?

Sabe, não se passou tanto tempo, que as pessoas de mãos dadas celebravam a vida de certa forma, em festivais de músicas, como Woodstock, e aí mais vez eu pergunto: o que aconteceu? Não sei, se é impressão minha, mas talvez a população mundial anda numa grande depressão, se isolando cada vez mais em suas próprias cadeiras, em frente a televisão, computares, talvez até se escondendo dessa guerra que os humanos travam entre eles,  e aí talvez Renato Russo esteja mais certo do que imaginamos, com a frase: “O mal do século é a solidão”,  na música; Esperando por mim. O que já o título mostra o afastamento de nós mesmos.

Enquanto isso, mais um homossexual é ridicularizado, ou até mesmo espancado...

O que é uma outra atitude humana, que vem acontecendo com bastante freqüência. E com a mesma freqüência, não entendo. O medo do “diferente”. Medo de que goste do “diferente”. Que consiga ter uma boa relação com o “diferente”. Um dia desses estava caminhando, como caminhei hoje, e vi um amigo homossexual, e aí pensei: Porra! Assumir que é gay, esse cara é muito mais macho que muito homem largado por aí. Pensa, os gays só de se assumirem, já tem que agüentar o pré-conceito de alguns familiares, depois disso, tem que dar um jeito de driblar o mesmo “idealismo” tolo de quem oferece emprego, ou seja, se o cara é gay, é bom ele ser rico, porque se não pode simplesmente passar fome, por não ser aceito no trabalho. Além disso ele enfrenta os olhares de todos, não “podendo” expressar os sentimentos pelo companheiro no público, simplesmente porque é considerado I-MO-RAL. E ainda dizem por aí que é um país livre, sem pré-conceitos, que aceita as diferenças e etc...

E como se ainda não bastasse, agora é moda os PIT BICHAS BOYS saírem espancando homossexuais nas ruas. E mais uma vez do lado de cá eu pergunto: do que esses caras que batem, na covardia, já que sempre usam uma galera para bater em 2 ou 1, que anda pela rua, tem medo, será que eles batem porque são macho, “Até debaixo de outro macho”, como diria Tom Cavalcanti no personagem “Pit Bixa”.

E por enquanto, encerro-me por aqui. “Pronto, Morri”! ¬¬!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Anonymous X Corrupção


Um salve, e meus mais sinceros sentimentos para todos os que hoje morreram vítimas da violência. Um salve e meus respeitos para aqueles que vivem com menos de R$ 1 real por dia. Meus cumprimentos e meus mais verdadeiros desejo de melhoras, para todos os enfermos que estão pelos corredores e escadarias dos hospitais, esperando atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Bem, hoje, de certa forma era para ser um dia comum. Como de costume acordei cedo, me arrumei para ir à faculdade, liguei a TV enquanto preparava o café da manhã, e foi justamente aí, que de certa forma as coisas começaram a mudar.

Para variar, matérias sobre corrupção de pessoas ligadas ao governo, CBF e sobre terrenos que deveriam ser reservas ambientais aqui no estado de Goiás. Entretanto ainda assim, como diria Freud: o homem vive pelo princípio do prazer, apenas desliguei a televisão, e fui cumprir minhas “obrigações” de estudante. Ao retornar, já meio que esquecido das matérias reprisadas, liguei mais uma vez a televisão para almoçar, e passava uma matéria a respeito da Operação da Polícia Federal para combater a fraude no fisco, que chega a um rombo de R$ 1 Bilhão. Sabe o que significa isso? Menos dinheiro ainda para a saúde, segurança, educação, esporte, cultura, etc... Etc...

Aliás vocês sabiam que:  

·         Desde o ano 2000 até agora foram caçados os mandatos de 623 políticos no Brasil, sendo o partido DEM o primeiro da lista com 69 caçados. http://bit.ly/oIHIwB

·         A corrupção no Brasil custa aos cofres públicos cerca de US$ 3,5 Bilhões, ou mais por ano. http://bit.ly/q0eFao  E ainda perguntamos às vezes por que não temos segurança, emprego, saúde ou educação.

·         No último mapa da violência no Brasil (2008), foi constatado que a região Nordeste concentra a maior parte dos jovens mortos por homicídio, sendo 60,9 casos de cada 100 mortes. E num total nacional, naquele ano foram cerca de 50.113 jovens mortos.  http://bit.ly/o7HX78

·         O Brasil, hoje em dia, é considerado a Sétima maior potencial mundial, entretanto o rank de ensino está na Octogésima Oitava (88º), segundo a Unesco. Ficando atrás até mesmo do Equador e da Bolívia. http://bit.ly/oxRRPW


Agora o que talvez vocês não sabiam é que existe um movimento criado desde 2004, e que hoje em dia, graças ao a popularização das redes sociais, vem crescendo e cada vez mais se organizando e mostrando que há como lutar contra a corrupção, lutar por uma sociedade mais justa, dando voz ao povo. E é aí que hoje de certa forma as coisas mudaram, a meu ver. Graças a um convite no Facebook, conheci um movimento conhecido por: Anonymous

O movimento acredita que através da Desobediência Civil. Sem armas, a paz e a atitude, o amor a vida são as armas mais poderosas que existem para a mudança, como o maior líder de uma revolução um dia fez. Ghandi.

E agora dia 07 de Setembro, em várias capitais do Brasil, ocorrerá um protesto contra toda a corrupção que assola esse país desde a fundação, pois desde lá o governo não nos respeitam, e sempre que podem jogam migalhas para fazer o povo engolir a seco, o descaso que nos proporciona, obrigando a mendigar por bolsas famílias e etc... Clique Aqui para ir ao FaceBook do movimento e saber um pouco mais sobre o protesto.

Não vou escrever sobre o que penso do movimento, apenas pedir para que conheçam, e tirem suas próprias conclusões. Assistam os vídeos, e entrem no site. Comentem o que acham.



Eu agora só poderia dizer:
Unidos como um.
Divididos por zero.



sábado, 13 de agosto de 2011

Super-símbolos (Der Übermensh, Deus e o Homem Integral)

Por Gustavo Oliveira.

Não é de hoje que se discute as influências de mitos, arquétipos e ideologias no mundo das histórias em quadrinhos. Na verdade o que lemos nos gibis são os mitos, as sagas, as demandas e aventuras que permeiam o imaginário humano desde o drama da sua existência no mundo. O bem contra o mal, o herói contra o vilão, o fraco e o forte... Mas assim como na vida humana, os personagens das HQ's estão longe de ser puramente bons ou puramente maus. Então entra os velhos tons de cinza...

Entre as várias conexões possíveis, encontramos em três dos mais famosos super-heróis dos quadrinhos influências de diferentes óticas sobre o bem e o mal. Vejamos.

O Superman (ou Super-Homem) criado por Jerome Siegel e Joe Shuster foi o primeiro super-herói, inaugurou a era dos superpoderosos e trouxe ao mundo uma concepção moderna do paladino, do herói supremo.
Vindo de um cataclisma em seu planeta natal, ele chega a Terra como um bebê e desenvolve incríveis poderes graças ao sol. Adota o planeta que o acolheu, apresentando-se como seu protetor e passa a lutar por ideais como: verdade e justiça. Demonstra grande solidariedade e um sentimento de exílio, uma lembrança do seu mundo natal ao qual ele (teoricamente) não conheceu, eu diria.

Por outro lado temos Batman, o herói criado por Bob Kane e que é igualmente famoso, mas traz em si um passado sombrio e trágico. Bruce Wayne teve que superar a terrível morte dos seus pais, morte essa que presenciou aos oito anos. Viu um criminoso tirar a vida de quem ele mais amava e utilizou-se da dor para se auto-aperfeiçoar, passando a combater o crime em Gotham City. Tornou-se sombrio, sério e extremamente disciplinado. Descobriu que os bandidos, de um modo geral, possuem em comum um ponto fraco: o medo, e usou isso a seu favor.


Vemos nesses dois, uma certa oposição. Enquanto Superman apresenta-se como um salvador, um tipo de Messias, quase uma representação do Deus judaico/cristão, é benevolente e fala lições de moral e justiça enquanto age, Batman se assemelha muito mais com o ideal de homem superior ( Der Übermensch) de Nietzsche, é sombrio e violento, apesar de seguir a regra de nunca matar. Fez-se forte por meio da dor. A grande ironia é que poderíamos traduzir "übermensch" como "super-homem" mas que talvez o Homem-Superior do filósofo alemão (que era exímio conhecedor do Cristianismo, diga-se de passagem) seja justamente uma oposição, uma resposta ao Deus judaico/cristão. Para Nietzsche, o homem deve por obrigação formar-se das suas próprias dificuldades, superar-se ao invés de esperar por uma ajuda miraculosa, vinda de um mundo além. Ele talvez via a crença como um tipo de superstição da qual o homem se utilizava para esquecer suas dores e limitações. Sem dúvida Batman se apresenta perfeitamente como um übermensh.

Por algumas vezes os dois super-heróis se enfrentaram, tanto nos gibis como nos desenhos. Um dos momentos mais clássicos desse confronto foi em Batman: O Cavaleiro das Trevas, desenhado e escrito por Frank Miller, onde numa realidade alternativa, o governo proíbe a atuação dos heróis nos E.U.A. à beira da guerra nuclear com a União Soviética. O único herói permitido de atuar era o Superman, que representava o governo como um tipo de força militar. Então depois de uma longa aposentadoria, Batman ressurge já velho e bem mais violento. Quando Superman consegue desviar uma bomba atômica lançada pelos soviéticos ambos os dois heróis se culpam pelo estado atual das coisas e o confronto é inevitável.

Particularmente não prefiro ou "desprefiro" nenhum dos dois heróis, e me identifico tanto com o Deus cristão quanto com o homem superior de Nietzsche, mas para encerrar esse post eu gostaria de escrever sobre uma terceira representação.

O filósofo e metafísico brasileiro Huberto Rohden, muito escreveu sobre o que ele mesmo chama de Filosofia "Univérsica", onde fala sobre o Homem Integral. Para Rohden o Homem Integral é aquele que conseguiu realizar o Deus em seu coração, aquele que superou as limitações do ego e pôs-se a serviço do Eu, agindo com amor à humanidade e tornando-se uno com o Universo.
Como ego, somos limitados, mas quando deixamos a alma, o Eu, o Ser, agir podemos realizar grandes proezas e viver em plena felicidade. O ego procura constantemente agir para seu próprio bem, possui limitações, apegos, dependências, barreiras e medos mas o Eu, a alma, a essência metafísica do homem, se identifica com todas as coisas materiais e imateriais, observa e compartilha a vida com todos os seres e trabalha sempre em prol do outro e do Todo não procurando reter nada pra si. É a própria essência do heroísmo, eu diria. Essa era a idéia de Rohden ainda que escrita aqui de forma humilde e um tanto grosseira.
Nos quadrinhos o personagem que talvez melhor personifique o Homem Integral é o Capitão Marvel. O jovem Billy Batson foi escolhido pelo Mago Shazam para ser o guardião da Terra, por ter um coração puro e se importar com as pessoas. Então, Billy, ao pronunciar a palavra mística SHAZAM se torna o Capitão Marvel, assume corpo adulto, apesar de manter a mente e a essência de criança e recebe vários poderes que rivalizam com o próprio Superman. De certo modo, é como se a palavra mística despertasse todo o poder que o próprio Billy possui. Muito mais que apenas conceber o poder por uma fonte externa, como é oficialmente descrito nos quadrinhos.

O Messias, o Übermensch ou o Homem Integral? Superman, Batman ou o Capitão Marvel? Opostos? Não, parceiros. Aliados nas HQ’s que combatem a injustiça segundo seus próprios termos e suas próprias noções de justiça. Companheiros com linhas de pensamento filosóficas e/ou religiosas, que aqui estão para cumprir seu papel como todas as abstrações e criações do pensamento humano: Tornar o homem verdadeiramente feliz e ciente da Realidade interior e exterior.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O Oriente Médio Existe?

Há muito tempo os termos “democracia” e “Oriente” não eram vistos numa mesma frase. Alguém se lembra de quando foram? Bem, talvez citem a velha Guerra do Golfo como uma “tentativa americana de democratizar regiões que não conseguem gerir a si próprias”. Os mais atentos podem chamar de “invasão neo-imperialista descarada”. Por outro lado, quem sabe, levantem suas vozes para, refrescando a memória, citarem a recente invasão ao Iraque como um avanço democrático, uma nova chance de “colocar ordem na casa”. Alheia, é claro.

Mas a maioria, com certeza, se lembrará melhor dos últimos noticiários sobre a luta das populações egípcias, líbias e sírias contra seus governantes tiranos. Ajudados por importantes jornais ao redor do mundo, olharão para o longínquo Oriente Médio (vale dizer que a China fica no Extremo Oriente) com a esperança dos bons ocidentais que são: todos muito confiantes neste que parece ser um sopro tardio, mas mesmo assim sopro, dos ideais revolucionários franceses (Liberté, Égalité, Fraternité) sobre as terras de Maomé.

E aqui uso o termo “terra de Maomé” porque poucas coisas caracterizariam tão bem o imaginário ocidental sobre o oriente quando a citação ao maior profeta do Islã. Para não ser taxada de politicamente incorreta, abstenho-me de nomeá-la “terra das odaliscas”, ou “terra dos terroristas”. É muito provável, porém, que, mais que “terra de Maomé”, essas duas outras nomenclaturas sejam mais plausíveis para grande parte dos leitores.

O que não justifica o erro de se acreditar nelas. É disso que trata este texto. Um protesto contra a contínua redução a que é submetido o mundo Oriental. Mundos Orientais, aliás, dada a diversidade de povos, culturas e hábitos coexistindo numa região semelhante. Região esta que não existia geograficamente antes de ser criada pelo explorador europeu, muitos séculos atrás. “O Oriente é uma invenção do Ocidente”, disse o historiador Edward Said, humanista autodeclarado. Uma afirmação que a princípio parece confusa, mas que se esclarece com a devida atenção.

Tudo que sabemos sobre o “mundo oriental”, sua cultura, religião, organização, provém de uma visão eurocentrista herdada há muito, tanto por um hábito político, quanto econômico ou social. Para aqueles já familiarizados, ou vitimados por este tal “eurocentrismo”, a afirmação pode soar redundante. É hora de por a redundância à prova, então.

Alguém já se perguntou que tipo de democracia os orientais desejam para si? Será essa mesma democracia antimachista, antihomofóbica, “altamente igualitária”, à qual nós, ocidentais estamos acostumados? E se não for, temos o direito de chamá-la de antidemocrática?

Os recentes movimentos populacionais antiditatoriais de países como Síria e Líbano talvez não signifiquem o “sopro de democracia” tão alardeado pela mídia mundial. Significam, mais provavelmente, a necessidade de um povo gerir a si mesmo, sem o domínio sufocante de tiranos que se mantém há décadas no poder. Bem como necessidades de autonomia junto às todas-poderosas nações ocidentais. O Oriente não quer ser ocidental. O oriente quer lutar por sua orientalidade num “mundo de fronteiras cada vez menos visíveis”, segundo Octavio Ianni.

Isso também pode soar confuso, uma vez que os grandes países reafirmam constantemente sua nacionalidade – citar os Estados Unidos é uma praxe. Num mundo globalizado, porém, se por um lado os países orientais não podem – e não conseguiriam, ouso dizer – isolar-se dos demais para manter imaculada sua cultura, os grandes Estados-Nações, também não podem comportar-se como “libertadores dos outros povos”.

Esta é uma máxima da academia, para qualquer curso de Ciências Humanas: o conceito de civilização superior é retrógrado. O que existem são civilizações coexistindo entre si, lutando pela própria manutenção, e aqui sou evidentemente influenciada por Samuel P. Huntington em sua obra “O Choque de Civilizações”. A então denominada “Civilização Oriental”, complexa em si mesma, estruturada segundo suas próprias leis, quer o direito de ser Oriental, sem que a nossa “Civilização Ocidental” force seus ideais supostamente libertários goela abaixo.

E se admitimos este direito, então também devemos nos permitir conhecer verdadeiramente – na medida em que “conhecer verdadeiramente” um povo não soa prepotente – a cultura oriental, permitir que ela também nos seja apresentada, assim como a nossa tem sido “apresentada” forçosamente a ela durante séculos.

Tal permissão inclui, em primeiro lugar, questionar as informações reducionistas e quadradas que nos são expostas diariamente pelos telejornais mundiais. Requer que tentemos compreender de fato processos políticos tão distintos dos nossos e só concordar com uma “ajuda” externa a esses países quando ela for desejada pelos próprios habitantes. Gostaria de terminar citando um querido pintor espanhol. Se, como disse Goya, “o sono da razão produz monstros”, então devemos nos lembrar que a razão é um conceito ocidental, e já foi usado excessivas vezes para exterminar e explorar outros povos.

P.S.: Tal obra foi concebida pelo pintor espanhol durante a invasão francesa na Espanha, quando o exército da Revolução de 1789 quis libertar o povo espanhol do domínio monárquico e clerical.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Tocando por Mudanças



Olá povos e povas, posto direto de São Paulo a cidade que antigamente fora nomeada como cidade da garoa, mas não há mais como limitá-la a um adjetivo tão simplório já que aqui garoa, chove, faz sol, frio e neblina quase todos os dias, isso quando não ocorrem todos estes fenômenos num só dia. Coisa de deixar qualquer paulistano estressado, outro bom adjetivo para dar aos transeuntes desse caos cinzento. Mas não é sobre isso que venho falar, quem sabe esse pode ser assunto para um outro post.
Hoje venho compartilhar com vocês leitores informações de um projeto que liga os quatro cantos do mundo (isso se ele realmente fosse quadrado, rs) o nome dado é 'Playing For Change' e explica já no título o intuito de querer reunir músicos ao redor do mundo para tocar em prol de mudanças. E de fato é o que anda acontecendo desde 2008 que se teve o início do programa, a PFC ( Fundação Playing For Change) tem como objetivo conectar o mundo através da música, angariando local, instrumentos, programas educacionais, entre outros, para músicos em diferentes partes do mundo, além de apoiar projetos inspirados nas comunidades apresentadas no documentário homônimo lançado em dvd no ano passado, primeira edição que pode ser encontrado à venda nas lojas.
Durante os últimos quatro anos Playing For Change tem viajado o mundo com um estúdio de gravação móvel e câmeras em busca de inspiração. Durante toda a viagem, eles criaram uma família de mais de 100 músicos das mais diversas culturas mas com um só ideal: espalhar a paz e dar chance à quem pouco tem em valor material mas muito à oferecer em talento musical.Por uma década Norman Lear e o Engenheiro de som Mark Johnson e equipe gravaram as imagens e sons e através de modernas técnicas de mixagem e filmagens em alta definição produziram dois CDs/DVDs que venderam 26 mil cópias e conquistaram um Grammy.
'Stand by Me' foi o principal vídeo transmitido na rede online e foi gravado com mais de 37 artistas do mundo todo e teve um acesso grandioso via Youtube ultrapassando a marca de 18 milhões de views. Músicos famosos e de rua participaram das duas edições do projeto, tais como Bono frontman da banda U2 e Keb' Mo', cantor, compositor e guitarrista de longa data de blues, também colabolaram com o projeto filantrópico do PFC.
Dentre os que mais se destacaram no vídeo, Grandpa Elliot foi que emprestou simpatia, uma voz grave, melodiosa e sorrisos francos. O velhinho passara a vida cantando nas ruas de um bairro francês na cidade de Nova Orleans, é conhecido por tocar blues mas também improvisa no rap freestyle e se aventura na música erudita. O que o diferencia dos outros músicos presentes no documentário talvez seja a sua peculiaridade nas vestimentas , sempre usando macacão jeans e blusa vermelha, e com os óculos escuros sem uma das lentes. Em 2010, Grandpa lançou um disco de blues que veio para o Brasil com o selo da Universal Music logo após seu estouro no projeto. Sugar Sweet mostra que o velhinho além de simpático tem alma para música, destaques nas faixas 'Baby, What You Want Me to Do', 'We´re Gonna Make It' e 'Share Your Love With Me'.
A Fundação tem sob sua alçada projetos de grande valia como a construção de uma escola em Gugulethu na África do Sul, um gueto onde os jovens poderão ter acesso à música, informação e tecnologia de maneira que com esses instrumentos eles possam mudar suas vidas por intermédio da música. Em Dharamsala na Índia e em Kathmandu no Nepal, a PFC reconstói o centro para refugiados Tibetanos, e com parceria do poeta sul africano Lesego Rampolokeng e Bobby Rodwell, a Fundação trabalha na construção do Mehlo Arts Center em Johannesburgo, África do Sul. O centro de Artes será uma escola para futuros escritores moradores e vizinhos de Joahnnesburgo e Soweto.
A ideia deste projeto surgiu de uma crença comum de que a música tem o poder de quebrar barreiras e vencer distâncias entre as pessoas. E ele tem rompido barreiras culturais, de tempo e espaço, é a música unindo pessoas por um bem maior.
Segue link para audição de uma das principais músicas do projeto. A original pertenceu ao Bob Marley mas esta versão é competente e mantém a beleza do som:

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ah! Agosto...!

Volta às aulas.  Foto: Google

Ah! Agosto...! Volta às aulas, dia em que todos nós alunos, acordamos dispostos a dormir mais, em plenas seis horas da manhã, e claro respiramos fundo e pronunciamos nosso mantra matinal: ... QUE DESGRAÇA! De qualquer forma, Agosto... Dia de nos prepararmos para mais uma daquelas horas nos ônibus, sentindo o cc frescor da manhã, enquanto sacolejamos de lado para o outro colocando nossas idéias em ordem de tanto bater cabeça.

Dia de mais uma vez enfrentarmos os transportes públicos sucateados, que nos levam de casa para as aulas, quando não quebram pelas esquinas, ou quando os motoristas não dormem e causam mais um daqueles acidentes, que sempre passam nos telejornais, e os governantes, que deveriam prezar pela educação, nos dão aquelas desculpas que no fundo nem mesmo eles acreditam. Dia de mais uma vez encontrarmos nas portas das instituições de ensino, aqueles panfleteiros que de uma forma ou de outra sempre nos enfiam entregam aqueles papeizinhos, mas pensando bem, melhor o panfleteiro do que os traficantes que vendem os papelotes na cara dura.

Ah! Agosto...! Hora de outra vez nos preocuparmos com nossas notas, para planejarmos um futuro que nem se quer sabemos se virá, devido a corrupção que engloba todos os campos das administrações públicas, desde os colégios até o plenário. Dia de termos pernas fortes para agüentarmos horas e mais horas em pé na sala de aula, já que muitas delas não há cadeiras, entretanto não podemos reclamar de falta de lugar arejado, já que em outras não há teto também. Bem, contudo é hora também de retomarmos os nossos ideais de vida, de planejarmos como alcançaremos os melhores salários mínimos após nossa esforçada formação, mas digo esforçada não porque a grade curricular é boa, e sim porque devido à falta de qualificação dos professores, tanto de ensino médio, quanto superior em universidades federais e particulares, complicam e muito a nossa qualificação, mas nem tudo é culpa deles, “tadinhos”, pois isso é um efeito dominó, o governo não investe na educação, já assim poderíamos aprender a pensar, e se pensássemos, com toda certeza não votaríamos neles.  Logo, para que investir e coisas não lucrativas?

Alunos voltam a escola Tasso da Silveira
para pegar o materia deixado para trás
durante o ataque
Foto: Tasso Marcelo /AE

Ah! Desgosto...! Volta às aulas, e logo mais haverá “novas” matérias falando do peso que as crianças e os adolescentes levam na mochila, preocupada com a saúde física, e nada acontecerá contra aqueles que ficam nas portas dos colégios e universidades esperando apenas uma pequena oportunidade, para roubar, ou estuprar, ou ainda matar nossos colegas, como no caso da maior chacina em escola no Brasil, que por falta de segurança, um psicopata filho da puta, entrou e apagou os sonhos de dezenas de crianças que nasceram em berço de madeira e sonhavam em dar uma vida de reis para os pais, que todos os dias davam o sangue no local de trabalho, para ganhar apenas um mísero salário mínimo de fome R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais). Desgosto de saber que uma multa de um valor simbólico é considerado suficiente para pagar uma vida como o caso da empresa de transporte público BTU que no dia 14 de Março de 2010, ao andar com as portas abertas causou o acidente que levou a óbito o estudante de enfermagem Anderson Jacinto Bezerra. Desgosto em saber que no fundo nem mesmo quem votamos para melhorar a vida dos brasileiros, se importam.

Ah! Agosto...!


Lúcio vérnon

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